O cruzamento de dados que a Receita Federal realiza é uma ferramenta essencial para garantir a conformidade tributária e combater a sonegação fiscal. Por meio da análise de diversas fontes de informações, como por exemplo DOI, DMED, DIRF, XML e SPED ICMS-IPI, a Receita Federal assegura que os contribuintes estejam declarando corretamente seus rendimentos e operações.
Neste artigo, vamos entender como funciona o cruzamento de dados, quais dados são analisados e a importância desse procedimento no cenário tributário brasileiro.
O que é cruzamento de dados da Receita Federal?
O cruzamento de dados é um processo que a Receita Federal do Brasil realiza para comparar e correlacionar informações contábeis, fiscais, societárias, previdências, patrimoniais, econômicas e financeiras das pessoas físicas e jurídicas. As informações são provenientes de diferentes fontes, tais como as obrigações acessórias, por exemplo.
Assim, através desses dados, é possível identificar inconsistências, fraudes, erros, sonegação, simulações, ocultação de receitas e patrimônios, dentre outras ocorrências.
Este procedimento é amplamente utilizado pela Receita Federal e demais órgãos governamentais, para garantir, dessa forma, a integridade e a precisão das declarações. As Secretarias de Fazenda dos Estados e da União armazenam e compartilham essas informações.
Vamos verificar as obrigações acessórias mais comuns
- Documentos fiscais eletrônicos (NFe, NFCe, NFSe, CTe, MDFe,)
- GIA-SP – Guia de Informação e Apuração do ICMS
- SPED Fiscal – Sistema Público de Escrituração Digital ICMS e IPI;
- SPED Contribuições – Sistema Público de Escrituração Digital PIS e COFINS;
- SPED REINF – Escrituração Fiscal Digital de retenções e outras informações fiscais;
- SPED ECD – SPED Contabil Digital;
- SPED ECF; SPED Contabil Fiscal;
- e-Financeira;
- DIMP – Declaração de Informações de Meios de Pagamentos
- DCTF – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais
- DCTFWEB – Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais Previdenciários e de Outras Entidades e Fundos
- DOI – Declarações de Operações Imobiliárias;
- DMED – Declarações de Serviços Médicos;
- DIMOB – Declaração de Informações sobre Atividades Imobiliárias
- eSOCIAL – Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas;
- DIRF – Declaração do Imposto sobre a Renda Retido na Fonte
- DESTDA; Declaração do Simples Nacional relativa à Substituição Tributária e Diferencial de Alíquota;
- DIRFPF – Declarações de Imposto de Renda de Pessoa Física.
- DEFIS – Declaração de Informações Socioeconômicas e Fiscais
- DIRBI – Declaração de Incentivos, Renúncias, Benefícios e Imunidades de Natureza Tributária
- DME – Declaração de Operações Liquidadas com Moeda em Espécie
- Declaração sobre Operações Realizadas com Criptoativos
Por que a Receita Federal faz o cruzamento de dados?
A Receita Federal, bem como as Secretarias de Fazenda dos Estados e as Secretarias de Finanças dos municípios, realiza o cruzamento de dados com diversos objetivos. Vamos analisar os principais:
Combater a sonegação fiscal
Ao identificar divergências entre a declaração dos dados nas diferentes obrigações acessórias de envio obrigatório, e os dados reais, é possível evitar a evasão fiscal, que é a redução da carga tributária por meios ilícitos;
Aumentar a arrecadação
Com o cruzamento de dados, é possível garantir que todos os tributos, em todas as esferas (federal, estadual e municipal), sejam corretamente recolhidos aos cofres públicos.
Fiscalizar e auditar
Esse processo facilita a detecção de fraudes e irregularidades nas declarações fiscais, contábeis, trabalhistas, previdenciárias, societárias e financeiras.
Garantir a justiça tributária
A conferência das informações assegura que todos os contribuintes cumpram suas obrigações fiscais de forma justa e equitativa.
Aumentar a arrecadação tributária
Dessa forma, é possível arrecadar mais sem aumentar as alíquotas dos tributos. Isso pois através de maior fiscalização o contribuinte tende a recolher seus tributos de forma a cumprir a legislação.
Quais são dados a Receita Federal cruza?
A Receita Federal tem a possibilidade de realizar diversos cruzamentos de dados, uma vez que sua recepção é ampla e compartilhada. Vamos analisar alguns dos principais cruzamentos, com suas respectivas validações e obrigações acessórias:
Cruzamentos entre DOI e IRPF
A Declaração de Operações Imobiliárias (DOI) é uma obrigação acessória que as instituições financeiras, cartórios ou outras entidades que realizam operações imobiliárias devem enviar à Receita Federal. Então, a partir do envio, há o cruzamento com a Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). Dessa forma, é possível verificar se os valores de compra e venda de imóveis tiveram sua declaração correta pelos contribuintes.
Cruzamentos entre DMED, DIRF e IRPF
A Declaração de Serviços Médicos (DMED) e a Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (DIRF) tem cruzamento com a Declaração de Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). Assim, é possível assegurar que os valores que profissionais e empresas de saúde declaram, bem como os valores da retenção de impostos na fonte, estejam em conformidade com as declarações dos contribuintes.
Cruzamentos entre XML X SPED ICMS-IPI X SPED Contribuições
O Sistema Público de Escrituração Digital (SPED) é um sistema que visa unificar a recepção, validação, armazenamento e autenticação de livros e documentos que integram a escrituração contábil e fiscal dos empresários e das sociedades empresárias.
O SPED ICMS-IPI é a escrituração dos impostos estaduais (ICMS) e federais (IPI). Enquanto os arquivos XML das notas fiscais eletrônicas (NF-e) são utilizados para cruzar essas informações, garantindo assim a precisão e a consistência dos dados fiscais.
Quais riscos a incompatibilidade entre as documentações oferece às empresas?
A incompatibilidade entre as documentações fiscais e a declaração de informações podem trazer diversos riscos às empresas, tais como:
- Multas e penalidades: Divergências nas declarações podem resultar em multas significativas.
- Autuações fiscais: As empresas podem ser alvo de autuações e fiscalizações mais rigorosas, uma vez que a receita federal tem acesso às informações em tempo real.
- Reputação abalada: Problemas com a Receita Federal, estadual e municipal podem afetar a imagem da empresa no mercado, por exemplo em negociações.
- Dificuldades financeiras: Sanções e ajustes fiscais podem impactar a saúde financeira da empresa.
- Perda de benefícios fiscais: Empresas com inconsistências fiscais e contábeis podem perder incentivos e benefícios fiscais, por não atender a conformidade fiscal.
Conclusão
Podemos concluir que a incompatibilidade entre as documentações fiscais pode trazer sérios riscos às empresas. Desde impedimento de emissão de certidões fiscais e penalidades, como por exemplo multas, até danos à reputação e à saúde financeira, são impactantes as adversidades decorrentes da não conformidade dos dados.
Portanto, é fundamental que as empresas mantenham suas documentações em ordem e de acordo com as exigências fiscais para assim evitar problemas futuros. Investir em sistemas de gestão eficientes e em consultoria contábil especializada pode ser um diferencial para garantir a correta escrituração e evitar divergências que possam resultar em complicações com o fisco.
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