Provavelmente você já ouviu falar de blockchain. Mas, se essa ainda é uma palavra estranha para você, certamente você conhece algumas das inovações tecnológicas produzidas pelo blockchain, como as criptomoedas e o metaverso. Esses assuntos estão nas mesas de investimento dos grandes bancos e até nas rodas de conversas entre amigos. 

Inclusive, o blockchain tem tudo a ver com a contabilidade, e essa tecnologia pode revolucionar a profissão do contador. É isso que vamos explorar neste texto. Mas, antes, é preciso entender o que é blockchain.


1. O que é blockchain?

Blockchain ganhou destaque como a plataforma de operação do Bitcoin, uma rede peer-to-peer (sem intermediários) de dinheiro eletrônico. Para construirmos uma ideia geral do blockchain, vamos começar por aqui. 

Primeiro, imagine o caminho do dinheiro quando você faz uma transação eletrônica entre dois bancos. O banco A possui um livro razão com os débitos e créditos de cada cliente. Quando você faz uma transferência, R$ 100, por exemplo, para o banco B, o banco A registra um débito de R$ 100 em sua conta e avisa para o banco B para fazer um crédito de R$ 100 na conta destinatária. 

Como você deve ter notado, esse processo parece confuso e exige que cada banco tenha seu livro razão. Os dois bancos devem se comunicar para que o saldo líquido do balanço monetário não seja alterado, isto é, não se pode criar nem perder dinheiro nesse processo.

Onde o blockchain entra nesse processo? O blockchain cria um livro razão compartilhado e público, em que é possível registrar e consultar o débito de R$ 100 e, na mesma base de dados, fica registrado os R$ 100 reais de crédito na conta destinatária. Esses registros passam por um processo de validação eletrônica que garante a confiabilidade e a imutabilidade dos registros efetuados. Então, o blockchain é basicamente um livro razão digital, público e imutável. 

Assim, o blockchain possibilita que as pessoas transacionem entre si, sem a necessidade de um banco intermediário para validar as transações. Porém, mais do que transações de dinheiro, o blockchain pode intermediar qualquer relação que exija confiança entre múltiplas partes, como veremos a seguir.

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2. Como funciona o blockchain?

Vamos a mais exemplo. Imagine que você fez uma aposta com um desconhecido na rua. Você aposta R$ 50 que vai chover daqui 5 dias, enquanto o desconhecido aposta que fará sol. Você vai para a casa e, depois de constatar que choveu no quinto dia, espera receber o seu dinheiro. Como você faz? Existem 3 alternativas para isso funcionar:

  1. Deixar uma pessoa encarregada de ser o intermediário da aposta, ficando com o dinheiro e entregando ao vencedor no dia estipulado.
  2. Confiar que a pessoa será honesta e cumprirá com o combinado.
  3. Criar um contrato para garantir legalmente que ao final da aposta a pessoa que perdeu pague a dívida.

Embora essas 3 alternativas sejam válidas, provavelmente você ficará sem o seu dinheiro. Por outro lado, o blockchain cria uma infraestrutura compartilhada que pode resolver esse problema em larga escala. Imagine, por exemplo, contratos futuros do mercado de commodity que operam com a mesma lógica do exercício acima. 

Dessa forma, o blockchain possibilita que pessoas e organizações realizem transações – de todos os tipos – sem a necessidade de confiar numa terceira parte para garantir a legitimidade e a conclusão da transação. Em outras palavras, o blockchain cria uma rede de confiança mútua entre agentes que não se conhecem. 

Essa confiança no blockchain é facilitada pela transparência do seu código e dos registros das operações na rede. As transações podem ser consultadas por qualquer pessoa que tenha acesso à internet. Além disso, todos os registros realizados na rede são imutáveis e não podem ser alterados ou excluídos. 

Por fim, as operações realizadas no blockchain podem ser automatizadas por contratos inteligentes. Assim, contratos vinculados ao blockchain são executados automaticamente. No exemplo anterior, o apostador ganhador receberia automaticamente o prêmio caso houvesse chuva no quinto dia – sem necessidade de intervenção humana.


3. Mas o que blockchain tem a ver com contabilidade?

Nesse ponto você já deve ter percebido que blockchain é uma tecnologia contábil. O blockchain está relacionado com a transferência de propriedade de ativos e a manutenção de um registro de informações financeiras precisas. 

Para os contadores, o uso de blockchain é uma poderosa ferramenta de registro de ativos e obrigações. As características do blockchain podem aumentar drasticamente a eficiência e a segurança das informações contábeis. 

Por exemplo, ele pode reduzir os custos de manutenção e reconciliação do livro razão, garantido também a confiabilidade dos registros contábeis. Assim, este recurso elimina a necessidade de reconciliações financeiras e possibilita se ter certeza sobre o histórico das transações realizadas.  

Além disso, dados não financeiros podem ser registrados de maneira confiável e imutável no blockchain. Isso abre um novo leque de oportunidades para o contador, que pode começar a trabalhar com o registro contábil de informações não financeiras.

A título de exemplo, para alcançar uma economia de carbono zero, os registros de débito e crédito de carbono entre países e empresas será essencial. Esses registros podem ser feitos de maneira segura e transparência em redes de blockchain, operadas e acompanhadas por contadores.

Diversas outras informações podem ser registradas no blockchain, como o rastreamento da cadeia logística de matéria prima. Isso é importante para garantir, por exemplo, a qualidade e a sustentabilidade dos materiais utilizados por uma empresa.

Dessa forma, percebe-se que a ferramenta apresenta diversas oportunidades para o contador do futuro, pois é essencialmente uma tecnologia contábil. Então, entender como isso funciona e quais são as tendências do mercado pode ser essencial para o contador se preparar para as mudanças da área.

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4. Blockchain é a ferramenta do futuro

Pode não parecer, mas o blockchain é uma tecnologia contábil. Conforme o exposto, ele funciona como um livro razão público e digital, em que partes interessadas podem registrar e consultar as transações realizadas na rede. Essencialmente, ele cria uma rede de confiança mútua entre seus participantes, que não precisam se conhecer ou interagir diretamente. 

Para a profissão do contador, o blockchain é uma oportunidade para se criar registros contábeis automatizados, imutáveis e compartilhados. A tecnologia pode trazer eficiência e confiabilidade para a contabilidade.

Além disso, a ferramenta possibilita o registro contábil de informações não financeiras, como o crédito de carbono, e abre novas possibilidades para a profissão do contador.

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Escrito por Bruno Sanches

Autor Certificado Vamos Escrever, é Mestre em administração de empresas e especialista em estatística aplicada. Tem mais de 10 anos de experiência profissional como auditor contábil da indústria financeira e gestor de projetos de TI. Atualmente é doutorando em Administração Pública e pesquisador do Centro de Micro Finanças e Inclusão Financeira da FGV. Inovação social e o ecossistema de fintechs são suas principais áreas de interesse, sem contar que adora poesias e não dispensa um boa conversa 📩brunosanches@vamosescrever.com.br Saiba mais sobre o autor