A crise de liquidez é uma situação temida por qualquer negócio, especialmente os que estão começando a se estruturar financeiramente. Inclusive, alguns países já passaram por essa situação. Após anos de gastos públicos elevados e dívidas acumuladas, a Grécia enfrentou essa crise e não teve condições de honrar suas dívidas e pagar aposentadorias e salários públicos. 

Em 2015, o governo grego chegou a limitar saques bancários e fechar temporariamente os bancos, demonstrando na prática como a falta de liquidez afeta diretamente a população.

Esse assunto é muito importante para a gestão financeira de um negócio. Por isso, vamos explicar de forma prática o conceito de crise de liquidez, os impactos causados por ela e, principalmente, como fazer uma boa gestão de liquidez evitar problemas na sua empresa.

O que é crise de liquidez?

A crise de liquidez acontece quando uma empresa não tem recursos financeiros suficientes (em caixa ou disponíveis rapidamente) para cobrir seus compromissos imediatos. Mesmo com ativos valiosos, se eles não puderem ser convertidos em dinheiro no curto prazo, a empresa pode travar. Ou seja, ficar sem capital de giro para manter as operações funcionando.

Vamos a um exemplo prático: imagine uma farmácia de bairro com boas vendas, mas só recebe em 60 dias. Enquanto isso, precisa realizar pagamento de fornecedores toda semana e dos funcionários todo mês. Mesmo com faturamento, ela pode entrar em uma crise de liquidez por não ter dinheiro disponível no momento certo.

Outro exemplo é a empresa de telefonia Oi, em 2016. A operadora entrou com o maior pedido de recuperação judicial da história do Brasil na época e acumulou dívidas de mais de R$ 65 bilhões. Mesmo possuindo ativos relevantes, a Oi enfrentou sérios problemas de gestão de liquidez: receitas instáveis, endividamento desordenado e fluxo de caixa negativo. Essas foram as causas impedidoras de manter os pagamentos em dia, levando à crise.

Principais impactos da crise de liquidez

Uma crise de liquidez compromete diretamente a capacidade de operação da empresa. Confira alguns dos principais impactos:

  • Atraso no pagamento de obrigações e contas básicas, gerando multas, juros e até bloqueios fiscais, como a inclusão no CADIN ou restrições no CNPJ.
  • Compromete a credibilidade, dificultando futuras negociações e até impedimento de acesso a crédito no mercado.
  • Endividamento emergencial, já que muitas empresas recorrem a empréstimos com altas taxas de juros. Essa saída, se não for planejada, pode agravar ainda mais a situação financeira.
  • Paralisação de compras, produção ou entrega de serviços, afetando diretamente a receita e a operação do negócio.
  • Risco de falência com a intensificação da crise. A empresa pode se tornar insolvente e entrando em recuperação judicial ou encerrando suas atividades.

Melhores práticas para gestão de uma crise de liquidez

Durante uma crise, realizar uma boa gestão de liquidez deve ser prioridade e ainda mais estratégica. Abaixo, listamos algumas práticas para lidar com o problema de forma proativa, consciente e organizada.

Diagnóstico rápido da situação

O primeiro passo é entender a real condição financeira. Para isso, o ideal é levantar dados atualizados sobre receitas, despesas, prazos de recebimento e de pagamento. O Demonstrativo de Fluxo de Caixa é uma ferramenta poderosa para esses momentos. 

Renegociação de prazos com fornecedores

Em momentos críticos, negociar prazos maiores com fornecedores pode aliviar a pressão do caixa e garantir continuidade operacional naquele momento. Lembre-se: essa não é a salvação para a sua crise, e sim um passo rumo à solução concreta.

Antecipação dos recebíveis

Antecipar recebíveis pode ser uma solução imediata para gerar liquidez porque permite transformar valores a receber no futuro em dinheiro disponível no presente. 

Funciona assim: sua empresa “vende” os recebíveis, como boletos a prazo, duplicatas ou vendas no cartão de crédito para uma instituição financeira. O banco, por sua vez, adianta o valor com um desconto proporcional ao tempo restante para o vencimento. Preste atenção aos custos dessa operação, pois podem ser altos dependendo da instituição financeira.

Um rápido exemplo seria um cliente realizando uma compra de R$ 10.000 com vencimento em 60 dias. Seu negócio pode antecipar esse valor para receber R$ 9.500 hoje, com desconto de R$ 500 referente a juros e tarifas bancárias. Ou seja, essa quantia entra no caixa imediatamente, fortalecendo a liquidez.

Corte e adie gastos não essenciais

Reveja o orçamento e, se for possível, adie investimentos sem urgência. O foco é manter a operação fluindo somente com o essencial. Para definir o que é importante, classifique os gastos por prioridade.

Busque linhas de crédito com planejamento

Quando nenhuma das práticas for suficiente, busque por crédito. Para não prejudicar ainda mais a saúde financeira do negócio, pesquise bem por opções com taxas viáveis e que ofereçam carência. Por exemplo, linhas do BNDES ou bancos com programas para micro e pequenas empresas podem ser boas alternativas.

Como evitar crise de liquidez?

A expressão “prevenir é melhor do que remediar” não se popularizou à toa. A prevenção é sempre o melhor caminho. Dessa forma, adotando algumas boas práticas de gestão financeira, é possível evitar a falta de liquidez e manter a organização saudável:

Boa gestão de fluxo de caixa

Realizar uma boa gestão de fluxo de caixa envolve o acompanhamento contínuo de todas as entradas e saídas de dinheiro para identificar, com clareza, os prazos de recebimento e pagamento. Para dar auxílio, o ideal é registrar cada movimentação (por menor que seja), projetar cenários e revisar as estatísticas para tomar decisões mais informadas. 

Utilizar programas ou planilhas bem estruturadas ajudarão a visualizar o saldo disponível, além de antecipar déficits e planejar ações com antecedência. Isso evitará surpresas e contribuirá para uma gestão mais eficiente.

Reserva de emergência

Uma reserva de emergência empresarial não é tão diferente da vida pessoal. Primeiro passo devemos definir um valor-alvo com base nos custos fixos mensais: aluguel, salários, contas básicas e tributos. O ideal é acumular de 3 a 6 meses desses custos para criar uma margem de segurança para imprevistos ou quedas de receita. 

Lembre-se: essa reserva deve ser construída aos poucos ao separar, mensalmente, uma porcentagem do lucro ou da receita líquida. Uma boa ideia é manter esse montante em uma aplicação de alta liquidez e baixo risco, como CDBs com liquidez diária ou contas PJ com rendimento automático. Assim o dinheiro pode ser acessado rapidamente quando necessário. No dia a dia a mentalidade deve ser tratar essa reserva como intocável, pois ela existe para proteger o negócio em momentos críticos.

Equilíbrio dos prazos de recebimento e pagamento

Mais uma boa prática fundamental. O mais adequado é alinhar tanto os prazos de recebimento (entradas) quanto os prazos de pagamento de contas fixas (saídas). Por isso, prefira vendas à vista ou com menor prazo de recebimento, enquanto busca alongar prazos de pagamento com parceiros.

Também vale acompanhar de perto o ciclo financeiro, sendo o tempo entre a compra do produto ou serviço e o recebimento da venda, para ser o mais curto possível. Um equilíbrio desses reduz a pressão sobre o caixa e evita a necessidade de recorrer a crédito para cobrir inconstâncias no fluxo de liquidez.

Planejamento financeiro

Metas claras e projeções realistas: é só a ponta do iceberg. Um planejamento financeiro é a base para uma gestão de liquidez eficiente. Além de definir metas, é preciso:

  • considerar sazonalidades
  • planejar-se para imprevistos
  • organizar receitas, despesas e obrigações fiscais
  • tomar decisões baseadas em dados concretos (e não em suposições). 

E tem mais, o acompanhamento periódico dos resultados e a revisão deve ser parte da sua rotina enquanto profissional. Assim, você compreende a margem de lucro, ponto de equilíbrio e projeta seu fluxo de caixa.

Com isso, há previsibilidade, antecipação de crises e decisões mais estratégicas. Ou seja, menos surpresa e mais controle.  

Processos financeiros automatizados

Automatizar processos financeiros é uma das formas mais eficazes de reduzir erros, ganhar tempo e ter mais controle sobre o caixa. Esses são fatores essenciais para uma boa gestão de liquidez. Com ferramentas certas, como a da Qive, é possível auxiliar qualquer setor com:

  • Conciliação de documentos fiscais;
  • Dashboards com indicadores estratégicos;
  • Organização das obrigações com o Fisco;
  • Integração contábil.

Soluções como a da Qive transformam dados fiscais em inteligência financeira e permite acompanhar de perto a saúde financeira do negócio.

Até aqui você descobriu que uma crise de liquidez é um desafio real para muitos empreendedores e analistas financeiros, mas ela pode ser enfrentada ou evitada. Basta planejar, se informar e contar com as ferramentas adequadas. Mantenha a saúde financeira do seu negócio em dia, conheça as soluções da Qive hoje!

Temas:

Compartilhe nas redes sociais

Escrito por Qive

Uma empresa focada em se tornar o maior SaaS do Brasil, conectando todas as áreas que utilizam documentos fiscais de uma empresa em um só lugar. Trabalhamos com NFes, NFSes, CTes, MDFes, NFCes, CFe-SAT com integrações com SAP, TOTVS, Bling, Tiny e muitos outros ERPs para facilitar as rotinas das empresas brasileiras! Saiba mais sobre o autor