Saiba o que é a profissão de “controller” e o seu papel no mercado financeiro

O que é um “controller”? Essa expressão é familiar? De qual área?

Quando falamos de gestão, o controller é um profissional fundamental, visto que sua função é coordenar todo o processo contábil e patrimonial de uma empresa. Além disso, é a controladoria — setor liderado por esse profissional — a responsável por apresentar relatórios gerenciais e com informações relevantes, que possibilitam traçar estratégias e ações que impactam a empresa. 

Esse agente de controles corporativos existe desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e, por décadas, ficou em um departamento dentro da área de finanças, sem destaque nas empresas. Foi no ano de 2002, que o escândalo financeiro na Enron, impulsionou a profissão nos Estados Unidos.

Em 2014, a Operação Lava Jato também elevou a necessidade desse profissional na cultura corporativa.

Entenderemos essa profissão por partes.

Vamos às atividades-chave dessa carreira

O controller, gerente de controladoria, tem como dever básico extrair e consolidar informações relevantes, confiáveis e oportunas, gerando relatórios que vão auxiliar as tomadas de decisões dos gestores. Vale para cada um que gere uma área específica da empresa, bem como para a diretoria da organização.

Esse profissional tem a responsabilidade de garantir a execução dos recursos da empresa da forma mais rentável possível. 

Ele é uma espécie de defensor dos interesses dos acionistas da companhia e cabe ao controller ser a balança entre risco e remuneração da própria empresa.

Vamos resumir o controller e suas atribuições:

O controller deve planejar, organizar e desenvolver planos econômico-financeiros.

O profissional precisa analisar informações contábeis e de performance para reduzir perdas, aumentar o lucro e acompanhar projeções de faturamento.

Esse especialista precisa definir diretrizes que estejam alinhadas ao planejamento econômico e estratégico da empresa.

Ele também trabalha acompanhando e estudando o mercado em que a empresa está inserida, avaliando os ciclos operacionais, além de verificar onde é possível melhorar e definir ações corretivas.

Levando em conta todos esses pontos, está no escopo de atividades do controller ser os olhos e os ouvidos dos acionistas na organização. Isso faz com que a boa governança seja preservada.

É exatamente esse o ponto-chave da profissão: garantir uma boa governança corporativa.

Mas há outras questões que precisam ser esclarecidas sobre as próprias funções desse profissional.

Quais são, afinal, suas principais competências?

O controller é a cabeça da contabilidade de uma empresa. E aqui vamos chegar em suas características “hard” e “soft”, entendendo todas as funções desse profissional.

O controller tem como trabalho primordial coordenar a produção dos balanços da companhia. Sua função o torna peça-chave principalmente em empresas de capital aberto, que devem satisfações a seus acionistas e a todo o mercado financeiro.

A revista VC S/A lembra que, em fevereiro de 2020, a gestora de fundos de investimentos Squadra verificou em uma análise de balanços que a resseguradora IRB Brasil estava superfaturando lucros em seus balanços. Naquele caso, 85% do valor de mercado da companhia se perdeu. Mais tarde, a empresa colocaria a culpa em diretores que já tinham deixado a empresa.

Dentro desse exemplo, caso os acionistas majoritários da resseguradora (Bradesco e Itaú) tivessem um bom controller, teria sido bem mais complicado para a diretoria da época ter perpetrado a maquiagem, que atribuía bônus vultosos. 

Pontos positivos desse trabalho

O controller no passado era basicamente um profissional de contabilidade.

Suas funções eram quase exclusivamente burocráticas dentro da estrutura de empresa. Ele cuidava de documentos fiscais, de regularizar o setor tributário e zelar pelos custos da empresa. 

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As atribuições dele, no entanto, se expandiram.

Após escândalos envolvendo a administração de grandes empresas, boa parte delas passou a entender que precisava de um profissional que também fosse uma espécie de auditor exclusivo.

Ele é, podemos dizer, um “zelador da boa gestão e dos interesses dos chefes”. O controller é a cabeça da contabilidade, o gerente de controladoria. Outra função importante do cargo está atrelada à visão estratégica do negócio. 

Um controller competente, com os números da empresa na ponta da língua, é fundamental para que a empresa tome a decisão correta e financeiramente sustentável.

Além disso, segundo a consultoria Michael Page, o salário desse profissional oscila entre R$15 mil e R$30 mil para diretores.

Por que essa área chama tanta atenção das empresas?

Esse profissional se destaca porque reúne características diferentes em um único especialista.

Nem todo contador é um controller e nem todo controller é contador. O nome se refere a um cargo e não a uma formação acadêmica. Os contadores, em geral, são assistentes, analistas ou até mesmo gerentes, que respondem ao controller. E esse profissional importante da organização pode ter vindo de outra área, não necessariamente dos cursos de contabilidade.

Contadores vão preparar relatórios e produzir os números do orçamento. O controller junta todos esses dados e os interpreta dentro da realidade do negócio com visão estratégica.

Claro que é comum que em empresas menores o controller e o CFO (Chief Financial Officer)  sejam a mesma pessoa.

Isso acontece porque visão estratégica, liderança e cuidados com a boa governança são atribuições do líder executivo do financeiro. Nas companhias maiores, são postos separados, em que o controller responde diretamente ao CFO.

A profissão está em alta nos últimos anos por causa dessa ligação. O controller passa a mensagem para o mercado que existe busca de profissionais mais qualificados para organizar finanças.

Isso tem feito a demanda pelo cargo aumentar.

O que fazer para atuar na área?

A formação mais comum de um profissional controller é no curso de Ciências Contábeis, sim. 

Entretanto, dada as diferentes funções, não se trata de um pré-requisito ser um contador formado. Cursos como Administração, Economia e Engenharia também são bem aceitos pelo mercado para esse especialista, bem como a formação acadêmica é o de menos nesse caso. 

Um cargo sênior exige, isso sim, boa trajetória profissional. O profissional termina a faculdade e não é contratado direto como controller. Para essa ocupação,  empresas buscam profissionais que já passaram por consultorias, por estarem familiarizados com auditorias e balanços.

Quem contrata o controller?

No passado, o domínio da parte técnica bastava para entrar na atividade. Atualmente é exigido um bom perfil comportamental. 

São desejáveis habilidades de comunicação e de mediação entre diferentes áreas da empresa. Atuar dessa forma é fundamental. Sem isso, não há como contribuir na parte estratégica. 

Sem estratégia, não dá para ser um controller na acepção moderna do cargo.

Outro ponto de destaque é a visão holística. Ele precisa entender a cultura da empresa, a importância de cada área para construção do todo e de que forma movimentos da sociedade e do mercado podem influenciar no negócio.

Por isso, médias e grandes empresas contratam. Multinacionais precisam desse tipo de profissional.

E os desafios da carreira?

Um bom controller tem que ler e estar atualizado sobre o noticiário. É necessário sim ler os principais jornais no começo do expediente e passar as informações para as áreas responsáveis.

Mediar informações pode influenciar nos negócios. 

Pode ser um novo projeto de lei, o IPO de uma companhia no mercado financeiro, novidades tributárias, tudo que pode afetar a realidade enquanto empresa. 

20% do cotidiano desse profissional é ter olhar atento. Os 80% restantes não se repetem e têm dinâmica.

O controller pode fazer reuniões com diferentes áreas, revisões de relatórios, análises de projetos, aprovação de novos produtos e o treinamento constante com sua equipe de controladoria.

E como esse profissional pode ser um motor de inovação?

O Controller pode digitalizar a cultura de sua empresa, considerando todas as suas funções possíveis. Afinal, estamos falando de um profissional que, além de perfil analítico, tem uma boa visão para dados. 

Dessa forma, com a visão 360 do negócio, o controller consegue entender e conectar os desafios das áreas e propor inovação em processos e sugerir novos métodos ou tecnologias que podem mudar o dia a dia das áreas nas quais ele tem interface.

Osegredo de um bom controller está na curiosidade. Só com altas doses dessa característica o profissional terá condições de entender o negócio de diferentes empresas.

Esse faro curioso permite interpretar demonstrações financeiras, adquirir conhecimentos jurídicos e aliar seu empenho técnico acima de qualquer para tecer estratégias de longo prazo.

Essas diferentes características podem modernizar processos, a atuação ideal para o cargo.

Ficou com alguma dúvida sobre contabilidade ou controllers? Deixe seu comentário abaixo!