Ler sobre a Reforma Tributária pode causar um frio na espinha. São tantas siglas, regras e projeções que a sensação é de que um turbilhão de mudanças está vindo na direção do seu negócio. E a verdade é que, sim, a transformação é grande, mas encará-la com informação de qualidade é o que separa o susto da oportunidade.

Se a sua empresa está no regime de Lucro Presumido, este texto é para você. Vamos entender o que de fato vai mudar e, mais importante, como você pode começar a se preparar desde já. Afinal, em um cenário de transformação, quem sai na frente não é quem tem sorte, mas quem tem estratégia.

Compreendendo o Lucro Presumido antes da Reforma

O Lucro Presumido é um regime tributário escolhido por muitas empresas pela sua relativa simplicidade. Em vez de calcular o imposto sobre o lucro que a empresa efetivamente teve (como no Lucro Real), o governo presume uma margem de lucro com base na sua receita bruta e no seu tipo de atividade.

Sobre essa margem presumida, são aplicadas as alíquotas do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Além disso, a empresa paga PIS e COFINS em um modelo cumulativo, ou seja, com uma alíquota menor, mas sem o direito de aproveitar créditos sobre as compras e insumos.

É um modelo que funciona bem para negócios com margens de lucro altas e poucos custos operacionais. A questão é: com a Reforma Tributária, essa lógica vai ser virada de cabeça para baixo.

O Movimento da Reforma Tributária: Contexto e Impactos Gerais

Aprovada em 2023, a Reforma Tributária (PEC 45/2019) é o esforço mais substancial em décadas para simplificar o complicado sistema tributário brasileiro. A proposta tem um objetivo primordial: unificar impostos sobre o consumo para dar mais transparência e dinamismo à economia.

Na prática, cinco tributos serão extintos:

  • PIS (Programa de Integração Social);
  • COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social);
  • IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados);
  • ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
  • ISS (Imposto sobre Serviços).

Para substituí-los, nasce o IVA (Imposto sobre Valor Agregado) em um modelo dual:

  1. CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços): Unifica os tributos federais (PIS, COFINS e IPI);
  2. IBS (Imposto sobre Bens e Serviços): Unifica os tributos estaduais e municipais (ICMS e ISS).

Essa mudança é o epicentro da reforma e trará impactos diretos para a gestão das empresas no Lucro Presumido.

Eixos das Mudanças Tributárias para o Lucro Presumido

Para ficar mais claro, vamos dividir as transformações em três eixos principais que você precisa monitorar.

A Nova Era dos Impostos sobre Consumo: O IBS/CBS

Essa é, sem dúvida, a mudança mais impactante. O sistema cumulativo do PIS e COFINS, marca registrada do Lucro Presumido, vai deixar de existir. Com o IBS e a CBS, a regra será a não cumulatividade plena.

Isso significa que sua empresa pagará o novo imposto sobre suas vendas, mas terá o direito de abater um crédito equivalente ao imposto que incidiu nas suas compras de produtos e serviços. Na prática, a tributação será apenas sobre o valor que sua empresa “agregou” ao produto ou serviço. Para quem está acostumado a não gerar créditos, essa é uma virada de chave completa na gestão fiscal.

Possíveis Ajustes no IRPJ e CSLL

Embora o foco da reforma seja sobre o consumo, o governo já sinalizou que a segunda fase da discussão tributária irá mirar na renda. Isso pode significar alterações nas regras e alíquotas do IRPJ e da CSLL.

Ainda não há uma definição, mas é um ponto de atenção, pois qualquer ajuste aqui mexe diretamente no cálculo de impostos do Lucro Presumido, que é baseado justamente nesses dois tributos.

Implicações na Cadeia Produtiva e Acúmulo de Créditos

A transição para a não cumulatividade vai redesenhar as relações comerciais. Hoje, no Lucro Presumido, o custo de um insumo é o seu valor cheio. Com o IVA, o imposto pago na compra se tornará um crédito.

Isso afeta a formação de preços, a negociação com fornecedores e a análise de rentabilidade. A gestão desses créditos passa a ser uma atividade estratégica, com um impacto direto e considerável no caixa da empresa.

Cenários de Impacto para Diferentes Setores no Lucro Presumido

O impacto da reforma não será uniforme. Empresas de serviços, como agências de publicidade, consultorias e desenvolvedoras de software, que geralmente possuem poucos custos com insumos e uma folha de pagamento alta, podem sentir um aumento na carga tributária. Afinal, terão poucas compras para gerar créditos e abater do imposto devido.

Já o setor de comércio, que compra e revende mercadorias, viverá uma nova dinâmica. A gestão de estoque e a relação com a indústria fornecedora serão profundamente alteradas pela lógica de débitos e créditos do IVA.

Estratégias Essenciais para Empresas do Lucro Presumido

O cenário está mudando. O que fazer? Ficar parado não é uma opção. Aqui estão três estratégias indispensáveis.

Reavaliando a Opção pelo Lucro Presumido

Esta é a reflexão mais importante que você terá que fazer. Com o fim do PIS/COFINS cumulativo e a introdução do crédito de IVA, o Lucro Real pode se tornar o regime tributário mais vantajoso para a sua empresa, mesmo que hoje não seja. Fazer essa análise com base em dados, e não em percepções, será decisivo para a saúde financeira do seu negócio nos próximos anos.

Ajustes Contábeis e Fiscais Necessários

Sua empresa precisará se adaptar tecnologicamente. Sistemas de ERP e emissores de notas fiscais terão que ser atualizados para calcular o IVA, registrar os créditos corretamente e atender às novas obrigações acessórias. Além disso, seu time fiscal e contábil precisará de treinamento para operar nessa nova realidade.

Acompanhamento Legislativo e Consultoria Especializada

A Reforma Tributária foi aprovada, mas muitos detalhes ainda serão definidos por leis complementares. Manter-se informado por fontes confiáveis (como o blog da Qive!) e contar com o apoio de uma boa consultoria contábil é o caminho mais seguro para navegar nesse período de transição sem surpresas desagradáveis.

Perspectivas Futuras: A Implementação da Reforma Tributária

A implementação da Reforma Tributária foi desenhada para ser gradual, justamente para que as empresas, o governo e a sociedade possam se adaptar. Para não haver surpresas, é indispensável conhecer o calendário dessa transição, que se estende por quase uma década.

A jornada começa já em 2026, que funcionará como um grande ano de teste. Neste período, a CBS e o IBS serão introduzidos com alíquotas de teste bem baixas (0,9% para a CBS e 0,1% para o IBS), permitindo que os sistemas sejam calibrados e os primeiros impactos, medidos.

O ano de 2027 será um marco decisivo e o primeiro grande ponto de virada. É neste momento que o PIS e a COFINS serão oficialmente extintos, e a CBS passará a vigorar com sua alíquota cheia. Para a indústria, o IPI também será zerado na maior parte dos casos, com exceção de produtos que concorram com os da Zona Franca de Manaus. Para as empresas, especialmente as do Lucro Presumido, 2027 é a data-limite para estarem com seus sistemas e processos totalmente adaptados à nova lógica de crédito da CBS.

A partir de 2029, inicia-se a transição mais longa, que se estende até 2032. Durante esses quatro anos, veremos a extinção gradual do ICMS e do ISS. A cada ano, as alíquotas desses impostos antigos serão reduzidas, enquanto a alíquota do IBS aumentará na mesma proporção, até substituí-los por completo. Na prática, as empresas conviverão com um sistema híbrido por um tempo, o que exigirá uma gestão fiscal ainda mais atenta e organizada.

Finalmente, em 2033, a transição chegará ao fim. Os antigos tributos sobre o consumo (ICMS e ISS) estarão completamente extintos, e o novo sistema, com o IVA Dual (IBS e CBS) em pleno funcionamento, será a única realidade tributária do país. Parece distante, mas como em toda maratona, a preparação começa muito antes da largada. E para a sua empresa, o momento de começar a se preparar é agora.

Prepare-se para a Nova Realidade Tributária com a ferramenta de IA da Qive

Diante de um cenário com tantas variáveis, como saber se o Lucro Presumido ainda será a melhor opção para você? Como calcular o impacto real da CBS e do IBS no seu caixa?

Responder a essas perguntas com base no “achismo” é o maior risco que um gestor pode correr. A boa notícia é que a tecnologia já oferece uma resposta. Aqui na Qive, nós desenvolvemos uma ferramenta de Inteligência Artificial para a Reforma Tributária.

Com ela, você transforma a incerteza em clareza. Nossa IA analisa os dados fiscais da sua empresa e simula, com precisão, qual seria o impacto da nova tributação no seu negócio. Ela mostra cenários e oferece os números que você precisa para tomar a decisão mais inteligente: continuar no Lucro Presumido, migrar para o Lucro Real ou adotar um novo planejamento.

A Reforma Tributária é um fato. Estar preparado para ela é uma escolha.

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Escrito por Qive

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