Desde o início dos tempos, a humanidade passa por algum tipo de revolução pela necessidade de sobrevivência, passando por diversas situações que levaram a adaptações.
Mas muitos ainda resistem em aceitar a evolução e, consequentemente, não conseguem se adaptar nem melhorar em momentos de muita incerteza. No ambiente corporativo, inclusive, essa necessidade de mudança é gigante e feroz, o que faz pensar em como se destacar num mercado tão competitivo.
Portanto, é nesse contexto que as habilidades socioemocionais vêm revolucionando e ampliando os conhecimentos do que é entendido como fundamental para ser um profissional ideal dentro do meio corporativo.
1. Contexto histórico organizacional
Com o passar dos anos, o ambiente corporativo passou a ser mais competitivo, principalmente pela necessidade de pessoal capacitado. Inclusive, essa questão ficou cada vez mais difícil, não por falta de competência técnica, mas por falta de diferenciais que inexistem na formação do profissional.
Dentro desses diferenciais temos as competências socioemocionais, as quais são muito procuradas e desejadas nas organizações, mas, infelizmente, não são aprendidas rapidamente no ambiente de trabalho.
Denominadas soft skills, as competências socioemocionais são habilidades que desenvolvemos e aprimoramos no convívio social, em que a abrangência de aprendizagem é livre e sem impedimentos e limitações. Um panorama e overview da evolução desse cenário é o processo evolutivo da gestão de pessoas, que no decorrer dos anos passou por diversas adaptações para atender às necessidades organizacionais.
No caso, a gestão de pessoas é uma atividade gerencial que criou força e reconhecimento no fim do último século. Nesse período, a gestão de pessoas passou por mudanças até mesmo de nomes e grau de importância nas empresas, tornando-se peça fundamental na tomada de decisões.
Nessa constante evolução e nesse cenário cada vez mais competitivo, a gestão de pessoas desenvolveu os Conhecimentos, Habilidades e Atitudes (CHA), que passaram a ser posturas básicas necessárias para as contratações nas empresas, em que o profissional formado deveria saber, fazer e executar.
Assim, essas posturas buscam preparar profissionais obtendo aprofundamento teórico, conhecimentos aplicáveis com conceitos, levando em consideração a realização das atividades de forma concreta, ativa e efetiva.
2. As habilidades socioemocionais no contexto atual
Percebendo a necessidade de atributos cada vez mais diversos, e com isso um gap (ou lacuna) cada vez maior em habilidades (até então em construção), as habilidades socioemocionais passaram a ser cada vez mais comuns e desejadas nos ambientes organizacionais. Habilidades essas que ganharam maior visibilidade no início do século XXI e, atualmente, muito se fala sobre elas e seus domínios.
No cenário atual, em que o mundo passa por um momento pandêmico e caótico, esse gap passou a ser notado e enfatizado, cada vez mais tendo a necessidade de profissionais conhecedores de habilidades.
As habilidades socioemocionais ou soft skills são habilidades relacionais de caráter de “popular”, ou seja, são habilidades para convivência em sociedade que desenvolvemos e aperfeiçoamos no social, sem barreiras ou limitações de cenários ou ambientes.
Essas habilidades são desenvolvidas pela vivência, podendo ser aprendidas, mas sem técnica e sem prazo de conclusão desse aprendizado. Dessa forma, as soft skills são de importância ímpar nas instituições como habilidades interpessoais, intrapessoais, capacidade empática, autoconfiança, autodesenvolvimento, persistência, entre outras competências.
As soft skills, por serem vivências de cada profissional, são complexas formas de aprendizagem. Isso porque demandam tempo e situações adversas que, muitas vezes, o ambiente organizacional tem dificuldade em proporcionar com exatidão e precisão para desenvolvê-las.
Por isso, se um profissional tem habilidades e competências adquiridas apenas de forma técnica em uma competição de mercado, ele pode ser deixado de lado, pois essas competências são de cunho primordial, mas não são todos que as possuem.
3. As hard skills no ambiente organizacional
Não são apenas as soft skills que fazem um profissional de sucesso. Além delas existem as hard skills, que andam em paralelo com a definição de competência, mas são diferentes do conceito de soft skills.
As hard skills são as competências de caráter técnico, desenvolvidas através do conhecimento executado nas instituições de ensino.
Nesse caso, essas competências são de fácil entendimento e aprendizagem, pois derivam de uma técnica ou conhecimento estruturado para ser apresentado e aplicado como conhecimento à sociedade.
Por sua vez, as soft skills, como já exposto, são competências complexas que o desenvolvimento não pode ser estruturado, mas podem ser aprendidas em ambientes informais de convívio social. Assim, esse conhecimento é voltado para a vivência do ser, como habilidades de se relacionar com as pessoas ou até de entender a necessidade do outro e saber controlar as suas emoções a fim de um “bem-estar maior”, sem ganho ou reconhecimento direto.
4. Desenvolvimento de soft skills
Muitas vezes temos essas competências desenvolvidas e não temos a percepção de quais são, a menos que alguém aponte uma habilidade intrínseca que pertence a know how (saber-fazer) das requisitadas soft skills. A partir daí pode-se despertar o interesse em saber mais sobre determinada situação.
Em uma circunstância hipotética, imagine uma pessoa que tem toda a desenvoltura para lidar com situações adversas, como conflitos ocasionados em uma troca de opiniões. Nessa situação, com uma simples observação do contexto, ela propõe uma solução que agrada as partes envolvidas e resolve a situação adversa. Pois bem, essa pessoa possui a habilidade de gerenciar conflitos, só que nem ela tinha percebido.
Essa é uma habilidade que muitos almejam, mas não é de fácil ensinamento aos demais. Para desenvolver a habilidade de gerenciar conflitos e solucionar problemas, podemos iniciar com o exercício da gestão de conflitos contínuo, colocando a pessoa que deseja se desenvolver nesse quesito em maior contato com aquilo que ela precisa, ou seja, o conflito.
As competências socioemocionais não são impossíveis de serem aprendidas, mas requerem muita dedicação e tempo para que sejam aprimoradas e dominadas pela pessoa. A prática e o contato constante com essas situações que desejam ser desenvolvidas levam ao entendimento e ao domínio.
Além disso, a forma mais efetiva de construir essas competências, acima de tudo, vai do querer e do entender que o Mindset (ampliando os conhecimentos e compreendendo mudanças de configurações mentais) é o que estabelece conseguir ou não o sucesso e a perfeição de soft skills.
A exatidão de ter ou não essas competências pode ser mensurada com uma ferramenta desenvolvida em 1928 por William Moulton Marston, denominada DISC. Ela mensura quais são os 4 perfis (Dominância, Influência, Estabilidade e Conformidade) que todo o ser humano possui e qual a intensidade desses perfis.
5. O que muda no conceito mercadológico?
Apesar da grande relevância das competências socioemocionais, é importante ressaltar uma percepção histórica: por volta do século XVIII, as empresas perseguiam aqueles profissionais que dominavam a prática do fazer e que tinham maior estabilidade na execução de suas ações. Isso mudou conforme evoluímos e, hoje, o papel quase que se inverte, visto que algumas dessas competências “action” são requisitadas e complementam as habilidades atuais.
Dessa forma, as organizações visionárias e que buscam o crescimento almejam profissionais que possuem soft skills, para posteriormente desenvolverem as hard skills que, por sua vez, são mais fáceis e estruturadas para ensinar.
6. Encerramento
As soft skills mudaram a maneira de refletir e de agir no meio corporativo. Assim, os padrões estabelecidos foram repensados por gestores e pela sociedade, em que inúmeras predefinições passaram por inúmeras alterações. Por sua vez, os agentes desse processo foram obrigados a participar e a atender essas necessidades de mudança.
Mas, para que essas mudanças sejam possíveis e viáveis, é preciso ter também mudanças de paradigmas. Dessa maneira, o que era identificado como padrões físicos, de gênero e de raça precisam ser incluídos e considerados nas relações organizacionais.
Portanto, com a aplicação e desenvolvimento das habilidades socioemocionais, ou soft skills, é possível melhorar a efetividade dos resultados e o convívio social, unindo o corporativo e o humano.
O conteúdo deste texto é de autoria de Janaína Dourado e coautoria de Lucas Candido, bacharel técnico em Contabilidade pela ETEC e pós-graduando em Coaching e Gestão de Talentos pela Univeritas.
E para saber mais sobre o assunto, leia o nosso artigo: Gestão de Pessoas – Quais são os principais desafios.
Veja também
Otimize rotinas, reduza custos e evite multas
Tudo o que você precisa na Qive para gestão financeira e fiscal do jeito certo: automatizada e estratégica.