O mercado financeiro vive uma transformação silenciosa, mas poderosa. Enquanto grandes instituições como BlackRock e JPMorgan já movimentam bilhões em ativos digitais, empresas brasileiras de todos os portes começam a descobrir as possibilidades da tokenização. Seja você um empreendedor que busca novas formas de captação de recursos ou um gestor que quer entender as tendências do mercado, este artigo vai te ajudar a descomplicar esse assunto.
A tokenização promete democratizar o acesso a investimentos, reduzir custos operacionais e aumentar a liquidez de ativos que antes eram difíceis de negociar. Mas como tudo que envolve tecnologia e finanças, é preciso entender como funciona, os benefícios e os desafios antes de começar. Vamos lá?
O que é Tokenização?
Tokenização é o processo de transformar ativos do mundo real em representações digitais chamadas tokens, registradas em tecnologia blockchain. É um dos novos modelos de financiamento empresarial. Pense nisso como uma versão digital de qualquer ativo físico ou financeiro: pode ser um imóvel, uma obra de arte, recebíveis de uma empresa, ações, títulos de dívida ou até mesmo direitos autorais.
Esses tokens funcionam como certificados digitais que comprovam a propriedade ou direitos sobre uma fração do ativo. A grande inovação está na possibilidade de fracionar ativos de alto valor em partes menores, tornando-os acessíveis a mais pessoas.
A tecnologia blockchain é a principal característica desse processo: ela funciona como um livro-razão digital descentralizado, onde todas as transações estarão registradas com transparência, segurança e imutabilidade.
Como funciona a Tokenização?
O processo de tokenização pode parecer complexo de primeira, mas segue etapas bem definidas:
- O proprietário do ativo decide tokenizá-lo e define as regras dessa operação, como quantos tokens serão criados, quais direitos cada token representa, como será feita a distribuição e as condições de negociação.
- O ativo é avaliado por especialistas para determinar seu valor de mercado de forma justa e transparente. Com o valor definido, os tokens são criados via contratos inteligentes na blockchain, programados com todas as regras estabelecidas anteriormente.
- Depois da emissão, os tokens podem ser oferecidos aos investidores por meio de plataformas especializadas. No Brasil, essas plataformas geralmente operam sob regulação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), seguindo normas que protegem emissores e investidores.
Uma vez adquiridos, os tokens podem ser negociados em mercados secundários e a tecnologia blockchain registra automaticamente cada transação, garantindo rastreabilidade completa do histórico de propriedade.
Vantagens da Tokenização
A tokenização traz benefícios que explicam por que o mercado global deve alcançar US$ 16 trilhões até 2030. Para empresas e empreendedores, as vantagens são particularmente atraentes.
- Democratização do acesso: permite que pequenos investidores participem de oportunidades antes restritas a grandes fortunas, ampliando a base de potenciais investidores para seu negócio.
- Redução de custos: transações que antes levavam dias e envolviam vários agentes podem ser concluídas em minutos com custos muito menores.
- Transparência e segurança de dados: cada transação fica registrada permanentemente na blockchain, criando um histórico completo e auditável.
- Acesso global: investidores de qualquer lugar do mundo podem ter acesso, desde que cumpram as regulamentações locais.
- Programabilidade: contratos inteligentes podem automatizar pagamentos de dividendos, distribuição de lucros e outras obrigações, reduzindo trabalho administrativo e garantindo cumprimento automático das regras estabelecidas.
Desvantagens da Tokenização
Mesmo com a inovação, a tokenização também apresenta desafios que precisam ser considerados antes de adotá-la:
- Complexidade tecnológica: a tokenização exige certo conhecimento técnico especializado em blockchain e algumas empresas precisariam contratar parceiros tecnológicos, o que representa custos adicionais.
- Riscos de cibersegurança: embora a blockchain seja segura por natureza, as plataformas e carteiras digitais podem ser alvo de ataques hackers. Assim, é fundamental escolher parceiros confiáveis e implementar protocolos de segurança adequados.
- Custos iniciais: há redução de custos no longo prazo, mas há o investimento inicial para estruturar uma operação de tokenização, incluindo avaliações, desenvolvimento tecnológico e adequação regulatória.
Regulação da Tokenização no Brasil
O Brasil tem se destacado como um dos países mais avançados da América Latina em regulação de ativos digitais. Em 2025, o mercado brasileiro consolidou seu amadurecimento com mais de 1 bilhão de dólares em ativos tokenizados e um ambiente regulatório cada vez mais claro.
A Resolução CVM 88 (Comissão de Valores Mobiliários), originalmente criada para regular crowdfunding de investimento, tornou-se o principal marco normativo para emissões tokenizadas no Brasil.
No último trimestre de 2025, a CVM abriu consulta pública propondo mudanças significativas nessa resolução. As principais atualizações propostas incluem o aumento do limite de captação para 25 milhões de reais e a possibilidade de produtores rurais e cooperativas agropecuárias como emissores.
Diferentemente de outros ativos, os imóveis enfrentam desafios adicionais por conta do sistema de registro público. Uma propriedade imobiliária no Brasil só pode ser transferida com registro em cartório, conforme estabelece o Código Civil.
Tokens de imóveis geralmente representam direitos econômicos (como participação em aluguéis) ou direitos obrigacionais, mas não substituem o registro de propriedade. Em 2025, houve debates intensos sobre esse tema, mas o mercado ainda aguarda uma solução legislativa que integre a tecnologia blockchain ao sistema de registro público.
Para quais tipos de negócio a Tokenização é indicada?
Essa não é uma solução universal, mas pode ser vantajosa para tipos específicos de negócios e situações:
- Empresas com ativos de alto valor e baixa liquidez: equipamentos industriais, veículos de grande porte ou outros ativos valiosos que são difíceis de vender rapidamente.
- Startups: quem está em crescimento ou não consegue acessar mercados tradicionais de capital podem usar a tokenização para captar recursos de forma mais ágil e com menos burocracia.
- Empresas com recebíveis previsíveis: como vendas parceladas ou prestação de serviços, podem tokenizar esses recebíveis para obter capital de giro antecipado.
- Produtores rurais e cooperativas agropecuárias: com as novas propostas regulatórias da CVM, o agronegócio ganha destaque para tokenizar safras futuras, equipamentos e terras para financiar operações.
- Empresas de crédito e securitizadoras: instituições que trabalham com títulos de dívida encontram na tokenização uma forma eficiente de estruturar e distribuir operações de crédito, reduzindo custos e ampliando o mercado.
- Empresas com projetos de longo prazo: infraestrutura, energia renovável ou pesquisa e desenvolvimento.
O ideal é contar com a tokenização quando o ativo ou negócio tem potencial de valorização claro, fluxo de receita previsível ou valor intrínseco reconhecido pelo mercado. Além disso, é fundamental que a empresa esteja disposta a manter transparência total com os investidores e cumprir todas as obrigações regulatórias.
Se você está considerando a tokenização para seu negócio, comece estudando o mercado, conversando com especialistas e avaliando se seus ativos e modelo de negócio são adequados para essa estratégia.
A Qive está aqui para ajudar você a navegar por esse novo mundo de possibilidades financeiras, sempre com a simplicidade e a confiança que você precisa para tomar as melhores decisões para o seu negócio. Fique por dentro da tokenização e de outros assuntos no blog da Qive!
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