A Reforma Tributária no Lucro Real representa uma das mais significativas transformações do sistema fiscal brasileiro das últimas décadas. Para empresários e administradores que operam sob este regime, compreender essas mudanças é indispensável para a continuidade e o sucesso dos negócios.

A partir da Emenda Constitucional 132/2023 e os desdobramentos regulamentares que estão por vir, o cenário tributário do nosso país passará por uma grande reestruturação. Organizações do Lucro Real, historicamente sujeitas a uma carga tributária complexa, precisarão se preparar para uma mudança que promete simplificar toda a burocracia, mas também traz desafios inéditos.

A Qive desenvolveu esse artigo para explicar, de modo simples, as principais transformações para a sua empresa, com insights sobre como navegar essa transição com segurança.

O regime de Lucro Real: Uma visão geral

O Lucro Real é o regime tributário obrigatório para empresas com faturamento superior a R$ 78 milhões anuais, além de organizações financeiras, seguradoras e empresas com lucros do exterior. Neste sistema, o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) devem ser calculados sobre o lucro contábil ajustado pelas adições e exclusões previstas na legislação.

Atualmente, estas empresas também estão sujeitas ao PIS e COFINS no sistema não-cumulativo, permitindo o aproveitamento de créditos sobre: 

  • insumos;
  • energia elétrica;
  • outros itens relacionados à atividade da empresa. 

Inclusive, esse sistema tem sido um diferencial relevante para muitos setores industriais e de serviços, mas é complexo manter tantos controles rigorosos, cumprir várias obrigações acessórias e gerenciar as variáveis tributárias simultaneamente. 

Neste sentido, a expectativa é de que a reforma tributária possa simplificar esses processos

O panorama da Reforma Tributária: Simplificação e seus desafios

A reforma nasceu com a necessidade urgente de simplificar um sistema considerado um dos mais complexos do mundo. Os objetivos são: 

  1. reduzir a “guerra fiscal” entre estados;
  2. diminuir a burocracia;
  3. criar um ambiente mais favorável aos negócios.

Para cumprir tais pontos, o novo sistema propõe a substituição de cinco tributos federais e estaduais por dois: o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Juntos, eles formarão o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dual, seguindo modelos internacionais bem-sucedidos, como a Hungria, Dinamarca, Noruega, Suécia e Canadá.

Para as instituições do Lucro Real, essa transformação representará tanto oportunidades quanto desafios: além de reduzir os custos de conformidade, ela exigirá adaptações nos processos internos, sistemas de gestão e estratégias tributárias já consolidadas.

As transformações cruciais da Reforma para o Lucro Real

O novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS): Adeus PIS e COFINS

A mudança mais impactante para o Lucro Real será a substituição do PIS e COFINS pelo novo IBS. Este novo tributo manterá o tradicional princípio da não-cumulatividade, mas terá regras unificadas e mais claras para melhor aproveitamento de créditos.

Ou seja, o IBS surge como um imposto sobre valor agregado puro, incidindo apenas sobre o consumo final. Sendo assim, todos os insumos utilizados no processo produtivo ou na prestação de serviços darão direito a crédito, se forem adequadamente documentados.

Uma das principais vantagens disso é a extinção das discussões sobre os tipos de insumo incluídos para gerar créditos. Para não gerar dúvidas, as novas regras prometem ser mais objetivas e abrangentes, reduzindo a carga tributária para vários setores.

Efeitos sobre o IRPJ e a CSLL

Embora o IRPJ e a CSLL não sejam diretamente substituídos pela reforma, eles também sofrerão impactos indiretos. A mudança na tributação pode afetar a formação de preços, margens de lucro e, consequentemente, a base de cálculo desses tributos.

Por isso, quem se enquadra no Lucro Real precisa revisar as projeções de resultado, considerando o aumento do lucro contábil a partir da eliminação de certos custos tributários. Isso elevará a base de cálculo do IRPJ e CSLL. Por outro lado, ter mais previsibilidade do sistema pode facilitar o planejamento tributário a longo prazo.

A transição: Desafios e oportunidades para o Lucro Real

O período de transição, previsto para ocorrer gradualmente entre 2026 e 2033, será crítico. Durante esse período, as empresas precisarão operar no sistema atual e o novo, criando complexidades adicionais. Por isso, é preciso dobrar a atenção. 

Muitas oportunidades surgirão com a possibilidade de otimização da carga tributária, com um bom planejamento estratégico. Assim, quem se preparar adequadamente poderá aproveitar as ótimas oportunidades para reestruturar operações e contratos com parceiros.

Impactos em cadeias de valor e setores específicos

A reforma tributária no lucro real afetará diferentemente os setores da economia. Por exemplo, as indústrias com cadeias produtivas complexas poderão se beneficiar de toda a simplificação e da maior transparência na tributação.

Já os setores de serviços, historicamente menos beneficiados pelo sistema não-cumulativo do PIS/COFINS, podem encontrar no novo IBS oportunidades de aproveitamento de créditos antes inexistentes. Enquanto isso, as empresas de tecnologia, consultoria e outros serviços similares devem analisar cuidadosamente essas novas possibilidades.

Análise de cenários: Quem ganha e quem perde com as novas regras?

A análise dos impactos da reforma revela um cenário heterogêneo. Isso porque as empresas com operações intensivas em insumos e com cadeias produtivas longas tendem a ser as mais beneficiadas. Aproveitar todos os créditos de IBS pode representar reduções significativas na carga tributária efetiva.

Por outro lado, quem possui margens elevadas e poucas despesas dedutíveis, pode perceber aumentos na carga tributária. Os serviços financeiros e algumas atividades de comércio varejista precisarão avaliar cuidadosamente os impactos específicos.

O setor industrial deve manter vantagens competitivas, mas com regras mais claras e uniformes. O importante é a eliminação das diferenças de tratamento entre estados para beneficiar quem opera nacionalmente.

Estratégias de adaptação para empresas do Lucro Real

Planejamento Tributário: A chave para a otimização

Realizar um planejamento tributário robusto assume papel ainda mais estratégico nesse contexto da reforma. O ideal é desenvolver cenários múltiplos, considerando diferentes momentos da transição e suas implicações financeiras.

Inclusive, revisar as estruturas societárias pode revelar oportunidades de otimização sob as novas regras. Assim, holding companies, joint ventures e outras estruturas corporativas devem ser reavaliadas dentro do novo sistema tributário.

Revisão de contratos e operações comerciais

Contratos de longo prazo merecem mais atenção durante essa transição. Ou seja, as cláusulas de reajuste tributário devem ser revisadas para contemplar as mudanças, enquanto os acordos de fornecimento, prestação de serviços e joint ventures podem necessitar de adequações significativas.

As operações comerciais também devem ser repensadas. O novo sistema de créditos pode tornar algumas práticas mais vantajosas, enquanto outras podem perder eficiência tributária. 

Adequação tecnológica e capacitação da equipe

Implementar e se adequar à reforma exige investimentos, principalmente em tecnologia e capacitação dos funcionários. Por isso, os sistemas de ERP precisam ser atualizados para contemplar as novas regras de apuração enquanto os colaboradores precisarão passar por treinamentos. 

As novas regras exigem conhecimentos específicos e o ideal é serem desenvolvidos antes da implementação completa do sistema. Por isso, não deixe de priorizar os programas de treinamento e atualização profissional.

Monitoramento constante do processo legislativo e regulatório

Quer passar por uma adaptação bem-sucedida? Acompanhar as regulamentações complementares é essencial para isso. Elas serão as responsáveis por detalhar todo o funcionamento do novo sistema e as mudanças que podem ocorrer até a implementação final.

Quem se enquadra no Lucro Real deve estabelecer rotinas de monitoramento regulatório e, quando possível, participar ativamente de consultas públicas. Ganhar influência no processo regulatório pode ajudar a assegurar que os interesses setoriais sejam adequadamente considerados.

Conclusão: Navegando as águas da Reforma Tributária

A Reforma Tributária no Lucro Real representa uma oportunidade histórica de modernização do sistema fiscal. Mesmo com desafios, quem se prepara adequadamente pode ter mais vantagens quando o assunto é simplificação, redução de custos de conformidade e otimização da carga tributária.

O sucesso da sua transição dependerá fundamentalmente de planejamento estratégico e adaptação da sua empresa. Quem busca compreender profundamente as novas regras, adequar seus processos internos e desenvolver estratégias tributárias inovadoras sai na frente para prosperar no novo ambiente.

Conheça a ferramenta de IA da Qive para ajudar na preparação da Reforma Tributária

Navegar pelas complexidades da reforma tributária não precisa ser difícil. A Qive desenvolveu uma ferramenta de inteligência artificial projetada para auxiliar seu negócio na preparação e adaptação às mudanças tributárias.

Nossa solução oferece:

  • análises personalizadas dos impactos da reforma no seu negócio;
  • simulações de cenários;
  • recomendações estratégicas baseadas nas especificidades da sua empresa.

Com algoritmos avançados e base de dados recorrentemente atualizada, a IA permite antecipar desafios e identificar oportunidades antes mesmo da implementação completa das novas regras.

Não deixe a reforma tributária pegar você desprevenido. Conheça a IA da Qive e transforme incertezas em vantagens competitivas! 

Temas:

Compartilhe nas redes sociais

Escrito por Qive

Uma empresa focada em se tornar o maior SaaS do Brasil, conectando todas as áreas que utilizam documentos fiscais de uma empresa em um só lugar. Trabalhamos com NFes, NFSes, CTes, MDFes, NFCes, CFe-SAT com integrações com SAP, TOTVS, Bling, Tiny e muitos outros ERPs para facilitar as rotinas das empresas brasileiras! Saiba mais sobre o autor