A Reforma Tributária já é uma realidade no Brasil e tem gerado muitas dúvidas no  mundo empresarial. Entre tantos pontos de mudança, um dos mais importantes para a saúde financeira das empresas é, sem dúvida, o crédito tributário. Esse mecanismo, que já existe hoje, será profundamente transformado e promete simplificar a vida do empresário.

Mas, na prática, o que essa mudança significa para o seu negócio? Como o novo modelo vai funcionar e qual a diferença em relação ao sistema atual? Se você quer entender mais sobre o futuro dos créditos tributários e como preparar o seu negócio para essa nova fase, você está no lugar certo. Vamos descomplicar esse assunto juntos.

O que é crédito tributário?

De forma simples, o crédito tributário é um valor que uma empresa tem o direito de abater dos impostos que ela deve pagar. O objetivo é evitar o chamado “efeito cascata”, que é quando um imposto incide sobre outro imposto pago em etapas anteriores da cadeia produtiva, aumentando o custo final do produto ou serviço.

Para ilustrar, trouxemos um exemplo fictício de como o efeito cascata acontece na produção de uma cadeira de madeira, caso não existisse o sistema de créditos.

  • Uma madeireira vende madeira para uma fábrica por R$ 100. Com um imposto hipotético de 10% sobre a transação, o valor da nota sobe para R$ 110.
  • A fábrica, por sua vez, transforma a madeira em uma cadeira, adicionando R$ 100 de valor (custos e lucro), e o preço de venda para a loja seria de R$ 210 (R$ 110 do custo + R$ 100 de valor agregado). O imposto de 10% agora incide sobre os R$ 210, resultando em R$ 21 de tributo. Note que o imposto está sendo calculado sobre os R$ 10 de imposto da etapa anterior. O preço para a loja passa a ser R$ 231.
  • A loja, por sua vez, vende a cadeira ao consumidor final por R$ 300. O imposto de 10% sobre esse valor é de R$ 30. O preço final para o consumidor seria de R$ 330.
  • No fim, o imposto total pago em todas as etapas foi de R$ 61 (R$ 10 + R$ 21 + R$ 30), um valor muito maior do que se fosse aplicado apenas sobre o preço final. Isso é o que chamamos de imposto “em cascata”.

É para impedir isso que o sistema de créditos foi criado. No sistema atual, quando uma empresa compra insumos ou mercadorias, ela paga impostos como ICMS, PIS e Cofins. Parte desses impostos pagos na compra já pode ser usada como crédito para diminuir o valor do imposto a ser pago na hora da venda do produto final.

O problema é que, hoje, existem inúmeras regras e restrições sobre o que pode ou não gerar crédito, o que torna o processo complexo, burocrático e muitas vezes leva a longas disputas judiciais.

A Reforma Tributária vem para simplificar e tornar mais eficiente o processo de geração e resgate dos créditos tributários.

Como vai funcionar o crédito tributário na Reforma?

A grande promessa da Reforma Tributária é a não cumulatividade plena. Isso significa que, no novo sistema do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que será composto pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e pelo IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), o princípio será muito mais simples e amplo.

Funciona assim: praticamente tudo o que uma empresa adquirir para sua atividade econômica dará direito a crédito. Desde a compra de matéria-prima e bens de capital até serviços de limpeza e contabilidade, o imposto pago em cada uma dessas operações se transformará em crédito para abater do imposto devido na venda.

Alguns pontos fundamentais do novo modelo são:

  • Base ampla de crédito: A ideia é acabar com as discussões sobre o que é “insumo”. Com exceção de despesas de uso pessoal, todas as compras relacionadas à atividade da empresa devem gerar crédito.
  • Recuperação rápida: O novo sistema foi desenhado para que os créditos sejam devolvidos de forma ágil e eficiente, em até 60 dias, acabando com o problema do acúmulo de créditos não utilizados que hoje afeta o caixa de muitas empresas.
  • Crédito condicionado ao pagamento: Uma regra importante da Reforma Tributária é que o direito ao crédito só existirá após o pagamento efetivo do tributo. Ou seja, não basta ter a nota fiscal; o imposto precisa ter sido recolhido para que o crédito seja validado.

Para garantir que isso funcione, a Reforma Tributária prevê a implementação do sistema de split payment, um mecanismo que fará a separação e o recolhimento do imposto de forma automática no momento da transação eletrônica (via PIX, boleto, cartão etc.), direcionando o valor do tributo diretamente para o governo.

Qual a diferença entre os créditos tributários atuais e os pós-Reforma?

A principal mudança é estrutural. Para ficar mais claro, confira uma comparação dos dois modelos logo abaixo:

Sistema Atual (ICMS, PIS/COFINS)Sistema Pós-Reforma (IBS/CBS)
Não cumulatividade limitada: Gera muitas restrições e discussões sobre o que dá direito a crédito.Não cumulatividade plena: Praticamente todas as aquisições de bens e serviços para a empresa geram crédito.
Legislação complexa e fragmentada: Inúmeras leis e regras diferentes, que variam por estado e setor.Legislação unificada: As regras para o crédito serão as mesmas em todo o território nacional, simplificando a apuração.
Recuperação lenta e burocrática: Empresas acumulam saldos de créditos que demoram a ser ressarcidos, prejudicando o fluxo de caixa.Devolução ágil e eficiente: A promessa é de ressarcimento rápido dos créditos acumulados, em até 60 dias.
Falta de transparência: É difícil para o consumidor saber o peso real dos impostos no preço final do produto.Transparência total: O imposto será cobrado “por fora”, ou seja, o valor do tributo virá destacado na nota fiscal.

Prepare-se para as mudanças da Reforma Tributária

A Reforma Tributária representa um avanço significativo em direção a um sistema de tributação mais simples, justo e eficiente para empresas e consumidores. A não cumulatividade plena e a agilidade na recuperação de créditos têm um potencial enorme para desonerar investimentos, aumentar a produtividade e melhorar o ambiente de negócios no Brasil.

Contudo, a transição exigirá atenção e adaptação durante o processo de transição. As empresas precisarão ajustar seus processos e sistemas para se adequarem às novas regras e tecnologias, como o split payment.

Nesse cenário, ter uma gestão de documentos fiscais organizada e automatizada deixa de ser um diferencial e se torna uma peça indispensável. A Qive nasceu para simplificar o complexo, e estamos acompanhando cada detalhe da Reforma para garantir que nossa plataforma continue sendo a parceira ideal para a sua empresa navegar por essas mudanças com segurança e tranquilidade.

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Escrito por Qive

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